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China afirma que pode substituir commodities dos EUA e lança novos estímulos para fortalecer economia

A China declarou nesta segunda-feira, 28 de abril de 2025, que está preparada para substituir importações agrícolas e energéticas provenientes dos Estados Unidos, reafirmando sua capacidade de manter o fornecimento interno mesmo diante de restrições comerciais crescentes entre as duas maiores economias do mundo. Em evento oficial em Pequim, Zhao Chenxin, vice-presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, enfatizou que a dependência chinesa em grãos e oleaginosas dos EUA é mínima e que o país pode suprir sua demanda interna por meio de outras fontes confiáveis. “Mesmo se deixarmos de comprar grãos para ração e oleaginosas dos EUA, o impacto no abastecimento nacional será insignificante”, afirmou Zhao. Ele também destacou que a substituição de energia, como petróleo, gás natural e carvão, importados dos EUA, é viável e não comprometerá a segurança energética do país.

Em 2023, os Estados Unidos exportaram cerca de US$ 33 bilhões em produtos agrícolas e US$ 15 bilhões em energia para a China, porém a participação americana nas importações chinesas desse setor vem diminuindo — de 20,7% em 2016 para 13,5%, enquanto o Brasil aumentou sua fatia de 17,2% para 25,2% no mesmo período. Essa mudança ocorre em um contexto de tarifas bilaterais que já ultrapassam 100%, afetando a produção fabril chinesa e provocando a suspensão temporária de trabalhadores. Segundo estimativas do Goldman Sachs, cerca de 16 milhões de empregos na China estão atrelados à produção voltada para exportação a mercados americanos.

Para mitigar os efeitos negativos causados por essa tensão comercial, o governo chinês anunciou uma série de medidas de estímulo econômico. O Ministério de Recursos Humanos lançou subsídios para empresas que contratarem recém-formados, além de promover ações focadas no incentivo ao empreendedorismo, capacitação profissional e ajuste salarial em áreas com alta demanda por mão de obra qualificada. O vice-ministro do Comércio, Sheng Qiuping, ressaltou que exportadores receberão apoio financeiro e terão seus custos operacionais reduzidos, visando fortalecer as vendas tanto no mercado doméstico quanto no internacional. “Queremos aumentar a confiança dos exportadores para que aceitem mais pedidos”, pontuou Sheng.

Com o mercado de trabalho pressionado, refletido em uma taxa de desemprego urbana de 5,2% em março e uma taxa ainda mais elevada de 16,5% entre jovens de 16 a 24 anos, o Banco Popular da China deve implementar novos cortes nas taxas de juros e reduções no compulsório bancário. Analistas do Goldman Sachs preveem diminuições nas taxas de juros em 20 pontos-base e no compulsório em 50 pontos-base até setembro, como forma de estimular a economia.

Apesar das declarações recentes do presidente americano Donald Trump propondo negociações, a China mantém que a remoção das tarifas impostas é condição essencial para qualquer diálogo construtivo. Nesta segunda-feira, autoridades chinesas negaram rumores de conversas telefônicas recentes entre Xi Jinping e Trump, reafirmando a necessidade de que os Estados Unidos retirem as barreiras comerciais para avançar nas negociações.

Em resumo, a China demonstra confiança em sua capacidade de superar a dependência das commodities americanas, apostando em diversificação de fornecedores e em pacotes de estímulos internos para proteger sua economia e o mercado de trabalho. Ao mesmo tempo, mantém firme sua posição de que o diálogo com os EUA depende da revogação das tarifas, cenário que ainda define o rumo das relações comerciais entre os dois países.


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