Nova ponte entre EUA e Canadá: Risco de se tornar um elefante branco? Saiba tudo
A construção da ponte Gordie Howe International, considerada o maior projeto binacional de infraestrutura entre Canadá e Estados Unidos, está cercada de incertezas. Com previsão de conclusão para setembro de 2025 e um investimento total de US$ 4,6 bilhões, bancado integralmente pelo Canadá, a obra promete ser a maior ponte estaiada da América do Norte, ligando Windsor, Ontário, a Detroit, Michigan, em um trajeto de quase 2,5 quilômetros.
Originalmente, a nova ponte de seis pistas sobre o rio Detroit foi planejada para se tornar o principal eixo de um sistema integrado de transporte, com praças de fiscalização na fronteira, capaz de ampliar a capacidade comercial e estimular investimentos entre as duas nações. Atualmente, o fluxo comercial é concentrado na Ponte Ambassador, construída em 1929 e de propriedade privada, que suporta cerca de 10 mil veículos diariamente, incluindo um quarto do tráfego de caminhões comerciais entre os países. Contudo, sua idade avançada e a limitação de capacidade colocam em risco a eficiência do comércio.
Além da Ponte Ambassador, existe o túnel Detroit-Windsor, que não comporta veículos pesados e já sofreu queda no fluxo turístico devido às tensões políticas recentes entre Canadá e EUA. A ameaça do governo Trump de impor uma tarifa adicional de 25% sobre produtos canadenses, sob a justificativa de insuficientes medidas para conter o tráfico de drogas, gerou apreensão na indústria automotiva local, um setor crucial para a economia do Canadá.
O setor automotivo é a segunda maior exportação do país, ficando atrás apenas do petróleo bruto. Ele emprega diretamente 125 mil pessoas e impacta quase meio milhão na cadeia produtiva. Após o anúncio das tarifas, a montadora Stellantis suspendeu a produção de alguns modelos em Windsor, deixando 3 mil trabalhadores temporariamente sem atividade.
Diante desse cenário, há um debate intenso sobre o futuro da Gordie Howe International. A nova ponte, apesar de seu potencial estratégico, corre o risco de se tornar um investimento subutilizado ou até mesmo um “elefante branco” caso as tensões comerciais persistam e dificultem o fluxo entre os países.
Em conclusão, a Gordie Howe International representa um projeto de grande relevância para a integração comercial entre Canadá e Estados Unidos. No entanto, fatores políticos e econômicos, como a disputa tarifária e a instabilidade nas relações bilaterais, podem comprometer sua efetividade e retorno financeiro. A atenção de investidores, governos e setores produtivos será fundamental para garantir que essa obra não se transforme em um ativo subaproveitado, mas sim em um verdadeiro motor de crescimento e cooperação entre as duas nações.
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